Na liturgia do XX Domingo do tempo comum, Cristo anuncia-nos: «Eu vim trazer o fogo à terra e que quero Eu senão que ele se acenda?”
Para o padre José Miguel, este é um Cristo que nos interpela, como sempre o fez, e nos convida a tomar uma posição: será a Cruz motivo de escândalo ou vemos nela a salvação?
O que tem o trevo de quatro folhas a ver com tudo isto?
Muitos fazem o percurso da rotura buscando no conhecimento a evidência de que o mundo (e Deus) é regulado por leis naturais, como defendia Espinosa.
Deparam com a harmonia com que o universo se constrói e constatam nela a evidência de que tudo na natureza segue uma lei natural, sempre presente, uma vez que tudo resulta de um estágio mais simples que vai evoluindo. Deste modo encontramos as mesmas leis e relações em seres simples e complexos, do átomo às galáxias.
Nisto entra a sequência de Fibonacci e a razão de ouro, já conhecidas pelos Egípcios. A natureza na sua busca pela simetria que distribui melhor o peso e portanto ajuda a crescer e a manter-se de pé, parece seguir estruturas que obedecem a esta sequência e à razão dourada. O número de pétalas é invariavelmente um número desta sequência. Por isso posso dizer que não existe o trevo de quatro folhas, uma vez que o quatro não faz parte desta sequência.
Mas num universo que explodiu em vida, em obra criada, inerte ou animada, da mais variada, porquê a omnipresença de uma regra tão simples?
Os pintores renascentistas anteciparam os actuais cirurgiões plásticos no uso da razão dourada para dar realismo e harmonia, desde a composição ao rosto humano. A simetria deixa de ser a chave.
Para que o universo se criasse e se expandisse não precisava de harmonia, algo que parece só se revelar ao olho humano.
Mas é algo presente, que não é fruto do acaso, como aquela pincelada que atesta a autoria do pintor, mais do que qualquer assinatura. Esta harmonia surge como se o Criador quisesse lá deixar de forma indelével a Sua marca, mas tão subtil que nos deixa sempre margem para o sim e para o não. Só a fé pode desempatar.
Como nos recorda o padre José Miguel, o conhecimento conduz-nos à ternura.
E tudo isto é motivo de escândalo?
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
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14 comentários:
O padre José Miguel, de Lisboa, presidiu na Quarteira, na Igreja de S. Pedro do Mar, à celebração deste Domingo.
Deve ter sido uma riquíssima homilia de não se perder. E lá diz Salomão: "Com tudo o que aprenderes, aprende a compreender". Só que a Fé ensina muito que não se explica. Como não há-de a Sabedoria enternecer-Se com toda essa azáfama dos n/pobres neurónios? Sim, o conhecimento conduz-nos à ternura.
Abraço.
E que lindo deve ter sido!
agora convido-te a - JUNTAR AS TUAS MÃOS...POR UMA CAUSA! Vem colaborar!
beijinhos!
O Padre José Miguel, veio substituir o pároco desta Igreja que se encontra de férias.
Foi sem dúvida uma boa homilia, centrada nas leituras do dia, feita com um transbordante entusiasmo e tão interpelativa como Cristo o foi nesta passagem.
Esta homilia que nos exorta ao conhecimento profundo de Cristo, fez-me lembrar uma discussão que tenho mantido noutro blog sobre a inteligência do Universo.
Para que não restem equívocos: o que está entre “O que tem o trevo de quatro folhas a ver com tudo isto?” e “Só a fé pode desempatar.”, são as minhas ideias que tenho defendido nesse outro blog. Mas por mais ciência ou matemática que se invoque, tudo é realmente mais simples…
Para os que procuram Deus pela via do conhecimento, terão primeiro que perceber que esse conhecimento os conduz à ternura, sem que isso queira dizer que se estejam a afastar do caminho a que se propuseram.
Peço desculpa pela minha entrada, sem pedir autorização. Maas vi um comentário seu no Blog da Elsa, e tive curiosidade em vir espreitar!
Gostei do conteúdo do seu Blog... Virei mais tarde fazer uma visita em todos os posts.
Preciso de palavras de esperança e fé... Tal como encontrei aqui!
Maria
António!
Que bem sabes relacionar as tuas ideias!
Para mim tudo está interligado...
Boa semana
Fa-
Maria, já o disse uma vez: quem me lê alimenta-me, por isso a tua passagem e o amável comentário são bem vondos.
Volta sempre e traz um irmão também.
Fa
Somos a indelével harmonia do Criador, pelo menos nos nossos melhores dias... essa harmonia interliga-nos.
gostei muito do post e aproveitei este tempo para reler-te também atrás e digo como a Fá - que bem que explanas as tuas ideias.
Com o tempo, aprendi que não vale a pena aprender o que não tem importância. Perde-se tempo e dispersa-nos do essencial que é o que por cá encontro na tua claríssima escrita.
Outro abraço.
malu, lá me tentas com o pecado da vaidade...
Sabe sempre bem ler palavras como as tuas, obrigado.
«Por isso posso dizer que não existe o trevo de quatro folhas, uma vez que o quatro não faz parte desta sequência.»
Meu caro António
Pego no "trevo de 4 folhas", que como dizes não existe...
E não existe por que a "sorte" é coisa que não se alcança, apenas por sorte...
A sorte é algo que é graça de Deus para aqueles que O seguem e com Ele comungam...
Não tem a ver, com mais ou menos quantidade de bens, tem a ver com mais ou menos "quantidade" de vida, e a vida, como sabemos, vem de Deus, portanto só nEle encontra plenitude, só nele encontra "sorte".
Ora a "sorte" é viver o amor, e o amor vive-se na ternura, até nos maus momentos, e o conhceimento de Deus leva-nos ao amor, leva-nos então à ternura...
Provavelmente as minhas palavras são um pouco "desalinhadas" mas sei que entendes o que quero dizer...
obrigado António pela reflexão linda que nos deste...
Abraço amigo em Cristo
Joaquim, obrigado pelas tuas palavras. Já uma vez aqui o disse: o acaso é o deus dos tolos.
António,
Não te faria mal uma pequena 'dose' e uma vez que farias reverter a favor da evangelização.
Hmm.. e a ideia da máquina de café então.. eh eh :)
Tudo o que Deus criou foi bem feito.
Dêmos-lhe graças.
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