Quando chegara aquela paróquia iluminara o seu rebanho com a Graça de Deus, e era um bom pastor.
Mas o tempo operou nele mudanças e o seu coração começou a fechar-se; empenhava-se nas coisas da paróquia, nas cerimónias, nos sacramentos… impunha a sua autoridade.
Mas o seu rebanho foi perdendo as ovelhas e só ficaram os carneiros, sobre os quais exercia a sua autoridade, com empenho, mas pobre na Graça de Deus que em tempos enchera em plenitude a sua alma.
Ao vazio que lhe consumia o coração e lhe atormentava a alma, tentava compensar com mais trabalho e oração. Temia expor-se, temia que o seu rebanho se assustasse se o visse vacilar, temia falhar e achava-se não ter esse direito.
Por vezes avançava como um turbilhão arrastando tudo e todos, levando atrás de si ressentimentos e sensibilidades feridas. Tentava alcançar o seu rebanho, cego a cada ovelha.
Queria partir para uma nova paróquia onde pudesse reencontrar a inocência dos tempos perdidos e voltar a ser o ministro consagrado pelo Espírito Santo, homem de Deus e da Igreja: o bom pastor.
Nos tempos, perdeu-se a memória do desfecho desta história; não sabemos se o padre partiu para uma nova paróquia ou se reconquistou o seu rebanho, sabe-se apenas que Deus o terá chamado de novo à sua graça, renovando-lhe a sua missão de pastor.
Dizem as lendas, que ainda hoje, aparece aos ministros nos seus momentos de fraqueza e de dúvidas e sobre eles volta a soprar a graça de Deus. A esses ministros apenas se lhes pede que abram os seus corações.
António , 2006.
1 comentário:
Aprendi muito
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