domingo, 18 de novembro de 2007

As mãos de Caim

Num santuário Xintoísta na cidade de Nara, Japão, uma mãe ensina o filho a juntar as mãos em prece em ogamu. A criança olha para o pai em busca de uma explicação, mas este rapidamente o devolve à mãe: a tua mãe explica-te.

O padre Juan Mesiá Claval, que nos conta esta história de iniciação aos ritos religiosos Japoneses, continua.

De visita a um templo Budista, o monge que os recebe exorta-os a saudar o seu Buda, com o vosso ámen. Sendo o Buda a iluminação máxima, ele entende todas as línguas, culturas e religiões; ele entende todos os homens.

O monge lançou ainda um desafio, que à boa maneira oriental propõe antes de mais uma reflexão: nós acreditamos que podemos encontrar Deus dentro de nós, porque primeiro Ele nos envolve; não será isso também um conceito Cristão?

Mais tarde, após terminado o encontro das Religiões pela Paz, o mesmo monge propõe ainda a seguinte reflexão: As mãos que se unem em prece e saúdam o dom divino da vida, são as mãos que lavram a terra (numa alusão ao Xintoísmo) e fazem crescer o sustento do corpo. Creio que no vosso Génesis podemos encontrar estes conceitos.

Sem dúvida, respondeu o padre Mesiá, mas para que não demos o assunto por encerrado, convém acrescentar que essas são também as mãos de Caim. As mãos que matam, que são instrumento do ódio e da inveja.

O monge deixou-se rir e rematou: sabe o que realmente os Budistas e os Cristãos têm em comum? Vocês defendem a caridade e nós a compaixão… mas, nem vocês praticam a caridade, nem nós a compaixão!


(colóquio Cristianismo no Japão, Fátima 17-11-07)

3 comentários:

Fá menor disse...

...
É uma verdade! Muitas vezes damos com uma mão e tiramos com a outra... mas penso que temos a capacidade de nos arrependermos e retornarmos ao bom caminho.
Cristo sempre estará no meio de nós sempre pronto para nos ajudar, principalmente àqueles que O buscarem e/ou não O excluirem deliberadamente das suas vidas com as tamanhas atrocidades que possam cometer.

Bjs

joaquim disse...

Caro António
Bem...nós cristãos defendemos a caridade e a compaixão, mas realmente muitas vezes apenas defendemos, mas não praticamos...
Que estas histórias nos questionem e nos exortem a praticarmos em vez de apenas falarmos...

Abraço amigo em Cristo

Anónimo disse...

Que o Senhor nos encha as mãos de bençãos e nos ajude a dar, dar...

Um grande abraço amigo em Cristo.